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Arquivo Histórico Ultramarino
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OFÍCIO do governador de Cabo Verde, João da Mata Chapuzet, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar] conde de Subserra [Manuel Inácio Martins Pamplona Corte Real], a dar conta dos seus esforços e assíduos trabalhos, para conseguir que todos os ramos da administração sigam a marcha regular e uniforme, que exigem as circunstâncias e o abatido estado, em que encontrou a província, a saber: saída da ilha, a fim de fazer jurar obediência a El Rei D. João VI, às outras ilhas da província; exame do estado dos rendimentos Reais e sua administração das ilhas, tendo remediado muitos abusos e faltas; a terrível carneirada (doença) na ilha de Santiago, afectou todos os europeus e muito principalmente os soldados das companhias provisórias, de que não escapou um só; se não fosse o assíduo trabalho e competência do cirurgião-mor, Domingos da Costa Lima, talvez nenhum soldado escapasse à morte; os degredados aproveitando-se da situação, conceberam o mais horroroso atentado que se pode imaginar; existindo nesta ilha, 200 a 300 degredados, a maior parte facínoras e indolentes, querendo fugir, magicaram uma sublevação, tendo sido descoberto o terrível projecto; o sargento, José Maria do Amaral, da 1ª companhia provisória, actualmente amanuense do Hospital Militar, é a quem se deve tal descoberta, porque sendo convidado por estes malvados, com a promessa de o fazerem capitão, fingiu-se sócio e poude conhecer os principais cabeças, tendo denunciado tudo, de tal maneira, que em 24 horas já todos eles se encontravam presos; o plano era em primeiro lugar apoderarem-se das batarias e mais postos defensivos, tendo persuadido os soldados das companhias europeias, que tendo-se acabado a constituição, era o governador quem únicamente os demorava nesta província, por seu arbítrio; deveriam tomar os primeiros navios que aqui aportassem e embarcariam para Portugal, porque S.M. lhes perdoaria o resto do tempo do destacamento a eles degredados, lhes perdoaria o resto do degredo; tais eram os argumentos que empregavam na sedução da tropa, em que apenas se encontram envolvidos 7 soldados; porém outro era o seu projecto, pois tencionavam dividir a força nos principais pontos da vila da Praia, depois de terem lançado mão de 2 navios e fazendo jogar artilharia e metralha, roubarem as principais casas da ilha, desonrarem as donzelas, matarem a mior parte dos capitalistas e retirarem-se para o Brasil; o tenente-coronel, António Lourenço do Couto, encarregue do comando militar desta ilha, durante a sua ausência, portou-se como um bom mlitar e os 2 capitães comandantes das companhias provisórias, foram oficiais valentes, tendo sido eles que na frente das suas companhias armadas, fizeram depor as armas aos sublevados; encontrando-se na vila da Praia, a chalupa Maria, e debaixo das ordens do tenente-coronel, António Lourenço do Couto, foram remetidos imediatamente os presos a ferros, para a ilha da Boavista; encontrando-se a charrua Vénus fundeada, trazendo os artigos que havia requisitado e mais 160 degredados, determinou e para dar o exemplo, que todos eles fossem conduzidos a ferros para Bissau, num navio fretado, e posteriormente divididos para Cacheu, tendo sido encarregue desta comissão, o major, João Cabral da Cunha Goldofim, tendo-lhe sido ordenado que ali fizesse aclamar El Rei Nosso Senhor; vai proceder a um conselho de investigação, que estando concluído, os principais culpados serão remetidos a um Conselho de Guerra, e fará castigar os restantes; com as providências tomadas e com os castigos que será obrigado a impor aos degredados, por novos crimes que cometerem, único meio de os ter em sujeição e obediência, assegurará o sossego da ilha; remete documentos da ordem do dia à tropa, do ofício ao major Cabral, das instruções ao governador de Bissau e da ordem a todos os degredados desembarcados da charrua Vénus; promoveu o sargento José Maria do Amaral, a alferes agregado à Companhia de Infantaria da terra, pelo seus bons serviços.
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