OFÍCIO do governador das ilhas de Cabo Verde, Joaquim Salema de Saldanha Lobo, ao [secretario de estado da Marinha e Ultramar] Martinho de Melo e Castro informando sobre a falta de correspondências que deviam chegar nas embarcações da Companhia Geral de [Grão Pará e Maranhão] e sobre a chegada da corveta São Francisco Xavier; sobre as cargas que transportavam esses navios, das despesas elevadíssimas e queixas dos moradores pelos excessivos aumentos dos preços de géneros praticados pela dita Companhia; queixando-se dos dinheiros mandados pela Junta [da Companhia Geral de Grão Pará e Maranhão] aos administradores para pagar o Bispo [D. frei Pedro Jacinto Valente], suprir o ouvidor [João Gomes Ferreira] e distribuir pela tropa, dos quais não foi ressarcido; sobre a necessidade de fortalecer seu governo pelos constrangimentos procedentes da acção desses administradores com pleno domínio das ilhas e impraticáveis termos; sobre a situação dos filhos da folha; sobre seu pedido para tirar sua residência e das suspeitas que tem dos administradores e parentes dos presos que remeteu para a Corte nesse processo, com excepção dos mestres das embarcações Manuel da Silva Tomás, Veríssimo Duarte Rosa, João do Espírito Santo e Miguel Pereira; informando sobre o sossego que doravante se vive na ilha de [Santiago]; sobre a decisão de dar por findo seu provimento embora o pedido de recondução requerido pela Câmara e moradores daquela ilha; comunicando que o antigo ouvidor, Dionísio Gonçalves Branco, não lhe entregou os livros, papéis e maços que continham ordens régias, resoluções e mais providências pertencentes ao falecido governador [D. João Jácome Sanches de Baena Henriques], seu antecessor; informando sobre a visita que fez aos 35 portos da ilha, estabelecendo e regulando sua guarnição com instrução e ordens concernentes ao seu exercício contra incursões estrangeiras a pretexto de tomarem refrescos, como aconteceu no [Tarrafal] e ilha do Fogo; acerca dos degredados mandados para a ilha de [Santiago], para exercício de pedreiro e ferreiros e mais que podiam servir naqueles ofícios para conclusão das obras que tinha iniciado, como o reparo das ruínas das igrejas e casas da cidade da [Ribeira Grande] e artilheiros; informando sobre a empresa do engenheiro António Carlos Andreis, na ilha do Maio; sobre sua boa harmonia com o ouvidor [João Gomes Ferreira]; sobre a corveta São Francisco Xavier que vai para Cacheu saindo da Corte; e acerca das mudanças frequentes do destino das embarcações em direitura a Lisboa o que tem gerado consequências para a sua subsistência por falta de provisão bem como prejuízos graves para a Fazenda Real e para os moradores da ilha por falta dos direitos, falta de escravos para a cultura e cera para cultos divinos.