OFÍCIO do governador da praça de São José de Bissau, José das Neves Leão, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar, D. Rodrigo de Sousa Coutinho] sobre: comércio de marfim a estabelecer nesta praça, tendo o mesmo sido feito para a Serra Leoa; a vinda de navios da Corte uma vez por ano causa grande prejuízo; pedido do envio de uma fruta chamada cola fruta, que os mouros levam pelos sertões até aos estados da Índia; para a normalidade deste comércio se faz preciso haver forças que o defendam; existência fora das muralhas, de uma povoação de cerca de 1500 cristãos, que se aliam aos gentios, com cerca de 84 soldados cabo-verdianos que devem ser considerados como inimigos, por estarem concubinatos com as filhas dos gentios e serem vadios que o governador de Cabo Verde enviou, porque não os quer lá; estado dos armamentos e apetrechos de guerra, descrição; géneros utilizados para o comércio de escravos, cera e marfim: aguardente do Brasil, ferro, armas, trassados, missanga, chapéus ordinários, bacias de arame, chitas, pano de Cabo Verde, etc.; anualmente saem da praça de Bissau, 800 a 1000 escravos e 4000 a 5000 arrobas de cera.