OFÍCIO do provedor da Fazenda Real de Benguela, António da Silva Lisboa, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar], Martinho de Melo e Castro, sobre ter chegado a Benguela e ter constatado que os extravios haviam desfalcado o comércio, principalmente no tempo do governo interino de Alexandre José Botelho [de Vasconcelos]; explicando que os meios de força e a situação geográfica da colónia não podiam travar os extravios de escravos e de marfim, e que implementara um plano para um registo verídico dos géneros comercializados na provedoria, através de bilhetes; referindo as discórdias que tivera com regente actual [Francisco Paim da Câmara e Ornelas] a respeito da infracção do alvará sobre as arqueações de escravos, e por causa da cobrança abusiva que o patrão-mor cobrava pelos víveres aos navios estrangeiros; explicando que para travar estes despotismos e intromissões na jurisdição da Fazenda Real as ordens deveriam ser enviadas para a Provedoria ou para a Junta da Administração da Fazenda, que depois dariam conhecimento aos governadores; alertando para a falta de conhecimentos do [novo governador], e a necessidade de homens de letras nestes cargos, ficando apenas o poder militar nas mãos dos governadores.

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