OFÍCIO do governador e capitão-general de Angola, José de Oliveira Barbosa, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar], Conde das Galveias [D. João de Almeida Melo e Castro], a informar que tendo saído deste porto para o de Pernambuco, a galera "Águia do Douro", cujo mestre é Silvestre Manuel Pereira da Costa, levando 728 escravos e mais de 20 mil libras de cera, no dia 27 na costa de Ambriz, aconteceu uma revolta dos escravos e depois de 6 horas de conflito, com uma grande mortandade, viu-se o mestre obrigado a abandonar a galera, metendo-se num catraio com o piloto e mais 10 pessoas, os quais chegaram a terra no 4º dia, quase mortos de fome e sede e cheios de feridas e contusões; participa que ordenou a saída de duas escunas armadas e guarnecidas de tropa, às ordens do capitão do regimento de linha, Feliz Velasco Galiano, a fim de recolher os sobreviventes; os escravos perdoaram a vida ao resto dos passageiros e da tripulação e fizeram navegar a galera para a costa, onde encalhou na praia do Sonho, cujo potentado se apossou dos escravos e de tudo o resto que deu à terra; considera este acontecimento muito grave, não só pela mortandade, como pela perda que teve o comércio desta praça, avaliada em 200 mil cruzados.

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