OFÍCIO do governador e capitão-general de Angola, Luís da Mota Feio [e Torres], ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar], Conde da Barca [António de Araújo de Azevedo], a acusar a receção do real aviso de 19 de Dezembro de 1816, no qual S.M. aprovou a medida que tomou, de suspender a obra do encanamento do Rio Cuanza, determinando ao mesmo tempo, que os trabalhos daquela obra tornem a prosseguir sem interrupções, logo que cessem os motivos para a sua suspensão; acrescenta dois artigos ao seu ofício de 20 de Janeiro, o primeiro refere os extraordinários vexames que hão-de sofrer os pretos agricultores do sertão, na ocasião em que se quiser fornecer de mantimentos o depósito para a manutenção da gente empregada na obra, pois tais compras são feitas com violência e abrem um vasto campo a sórdidas negociações, seguindo-se o desgosto dos pretos e o abandono das suas terras, retirando-se muitos para o gentio; no segundo artigo, considera que atendendo ao encanamentodo Cuanza desaguar em "Bemfica", nada melhora a sorte dos habitantes de Luanda, quanto ao abastecimento das águas, pois a navegação para o dito sítio (que fica a 4 léguas da cidade) é muito complicada por ser este canal cheio de baixios, onde se encalha a cada passo e por onde só se pode passar, esperando pelas marés; participa que a cisterna de São Miguel se encontra seca há um mês, situação de que não há memória, provando a grande seca que estes povos estão a sofrer.

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