OFÍCIO do governador e capitão-general de Angola, tenente coronel, Cristovão Avelino Dias, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar], Conde de Subserra [Manuel Inácio Martins Pamplona Corte Real], a informar que o comércio da escravatura é o principal e mais importante ramo da renda da Fazenda Real em Angola e que é geralmente feito por indivíduos enviados para a colónia, a fim de expiar os crime atrozes que cometeram na Europa; considera que os lucros excessivos deste comércio, têm motivado o total abandono e desprezo por qualquer outro género de comércio menos rendoso, como a agricultura e as artes mecânicas, sendo o clima ardente outro obstáculo; estas são as principais causas que obrigam os habitantes a darem preferência ao comércio da escravatura, resultando daqui, que estes indivíduos proclamem que este país não pode deixar de pertencer ao Brasil por diversas razões, sendo as facilidades para o comércio da escravatura a principal; informa da subvelação do batalhão expedicionário, que pretendia desertar de Angola, acontecimento do qual mandou proceder a devassa; participa que ordenou a saída de Angola, do cirurgião-mor, Joaquim José Ferreira Campos, homem intriguista, suspeitando que foi em sua casa que se formou o plano daquela subvelação; ordenou também a saída de Luanda, do tenente coronel, Matias Joaquim de Brito, pertencente ao estado maior do exército o Brasil; está persuadido que à presença de S.M. hão-de chegar repetidas queixas, não só dos oficiais do batalhão expedicionário mas também dos habitantes, cúmplices na infame e vergonhosa deserção daquela tropa, mas está completamente seguro das suas intenções e rectidão, esperando a concordância de S. M.. ao qual remeterá a devassa logo que terminada.

Record not reviewed.