OFÍCIO do governador e capitão-general de Angola, Nicolau de Abreu Castelo Branco, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar], Joaquim José Monteiro Torres, a informar que o Bispo da Diocese, consentiu no casamento de uma menina menor de 8 a 9 anos, tendo intervindo a autoridade do seu pai; participa que existem mais 2 casos, em que este prelado consentiu nos casamentos de duas crianças orfãs, as quais teriam menos de 7 anos e que foram pretendidas devido à riqueza que herdaram; estas desgraçadas são dona Cecília Rodrigues, filha de José Rodrigues de Gouveia e dona Rosa Mendes, filha de José Mendes; considera esta prática abominável num país civilizado e católico e pede instruções, pois se continuarem estas práticas, resultará na ruína de todas as orfãs ricas, de menor idade; o dito prelado propôs para uma das conezias da Catedral, Augusto César Peres, que é um minorista de cor parda, filho natural de um homem duvidoso e que é fâmulo do prelado, circunstâncias estas, que tornarão pouco respeitáveis as Cadeiras da Sé.

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