OFÍCIO do governador e capitão-general de Angola, Nicolau de Abreu Castelo Branco, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar], Conde de Basto [José António de Oliveira Leite de Barros], a informar que o capitão do Real Corpo de Engenheiros, Henrique Martins Pereira, casado com uma das maiores proprietárias de Angola, tornou-se suspeito aos interesses e partido de El Rei, tendo transferido a maior parte dos seus fundos para o Brasil; participa que lhe recusou licença para ir ao Rio de Janeiro, tendo sido informado que o capitão tencionava desertar num navio para Pernambuco; ordenou a sua detenção, a que ele respondeu com ataques e insultos em diversos requerimentos; considera que as proposições subversivas da disciplina militar que tem apresentado por escrito, são de pasmar num oficial da classe científica; tendo-o transferido para bordo do brigue de guerra "Tejo", este teve a baixeza de convocar um inglês comandante de uma corveta brasileira, a fim de proteger a sua fuga do brigue, recebê-lo e transportá-lo na sua embarcação, clamando contra a demora em ser julgado em Conselho de Guerra; informa que muitas mais ações criminosas aparecem no volumoso processo, o qual já foi julgado em 1ª instância, não tendo sido ainda na segunda, devido às moléstias dos magistrados; pede que junto de S.M., afiançe que o seu comportamento com este oficial, tem sido reto e legal.

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