OFÍCIO do governador e capitão-general de Angola, Barão de Santa Comba Dão [José Maria de Sousa Macedo Almeida e Vasconcelos], ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar], Conde de Basto [José António de Oliveira Leite de Barros], a informar que logo após tomar posse, a sua primeira medida foi indagar da situação política em geral dos habitantes de Luanda, o que o deixou satisfeito, pelo geral reconhecimento da legitimidade do governo de El Rei; participa que com a chegada do novo governador, esperava-se que seriam publicadas algumas medidas a favor da colónia, porque as poucas rendas que subsistem sem as da exportação dos escravos, tornam precária a sobrevivência dos empregados públicos, que constituem a maior parte dos habitantes de Luanda, mas nada foi publicado; aponta alguns melhoramentos a empreender, tanto na administração, como na agricultura, no comércio e na exploração de produtos minerais; participa da geral desconfiança dos gentios, que julgam ser falso o fim do comércio da escravatura, considerando-o um castigo que El Rei lhes quer dar, tendo praticado violências e roubos aos brancos; informa que está a elaborar uma tabela de preços razoáveis, por que serão pagos nas feitorias dos Presídios e em Luanda, todos aqueles géneros que podem ser conduzidos pelos gentios; alerta para a situação dos degredados, por alta traição e crimes políticos, os quais tendo as suas sentenças por diferentes presídios, os tem demorado com a devida cautela, por lhe parecer que nos presídios distantes serão mais perigosos; pede a urgente expedição de providências para Angola, pela sua falta de recursos, para fazer face às suas despesas, deferindo as propostas que o governo apresentou sobre este assunto.

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