OFÍCIO do governador e capitão-general de Angola, Barão de Santa Comba Dão [José Maria de Sousa Macedo Almeida e Vasconcelos], ao [ministro assistente ao Despacho], Duque do Cadaval [Nuno Caetano Álvares Pereira de Melo], sobre o parágrafo 35 das instruções de 21 de Fevereiro de 1824, que lhe ordena que informe sobre o estado das relações e comércio das Nações Estrangeiras nos portos do Mossul, Ambriz e Cabinda; informa que foi nos últimos anos, que o tráfico extraordinário dos escravos nestes portos, causou grande ruína à Praça de Angola e à Fazenda Real, porque ali se exportavam escravos que não pagavam os seus direitos, e com a concorrência destes afluía uma grande quantidade de marfim; este comércio, atualmente é feito por navios dos Estados Unidos e Ingleses, que deixam nos portos duas ou três pessosas que ali estabelecem a sua correspondência para o interior, vindo depois os pretos fazer a promutação do marfim, cera, dentes de cavalo marinho, pólvora, armas, tabaco de fumo, aguardente, quinquilharias, fazendas de algodão e corais; faz uma longa e circunstanciada análise sobre este objeto; informa que o estabelecimento de feitorias, as quais poderiam restituir a posse do domínio daqueles portos à Coroa Portuguesa, não resultou, atendendo às elevadíssimas despesas feitas, por exemplo com Cabinda e São João de Loje e ao pequeno rendimento atual da Fazenda Real; informa que a edificação do presídio de São José de Encoge, teve como objetivo evitar o contrabando naquele porto, mas pouca vantagem dele se poderá tirar, estando distante dos referidos portos, mais de 80 léguas; dá conta da nulidade a que está reduzido o Rei do Congo, o qual desobedecido e desemparado pelos seus Potentados, está reduzido à sorte de um ordinário povo com o respeitável nome de Rei.

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