CARTA do provedor interino da Fazenda Real da ilha de São Tomé, Francisco de Sousa Carvalho, ao príncipe regente [D. João] em que, não obstante não ser letrado, ocupa os cargos de provedor da Fazenda Real e Alfândega, pelas portarias do atual governador, Gabriel António Franco de Castro, desde 23 de Maio de 1803; vem queixar-se do comportamento soberbo e insolente do governador, que ameaça todos com ferros, como aconteceu com o feitor e procurador da Fazenda, José da Costa Pitta; como resultado do seu despotismo, tem arruinado alguns, desterrado outros e outros ainda, fugiram para os matos; ele próprio e outros juízes da terra, casados com mulher e filhos, não se atrevem a contradizê-lo; o governador paga aos pobres soldados da companhia, com fazendas a um preço exorbitante, tirando dinheiro do Cofre de S.A.R. para se pagar das mesmas usuras; roga por tudo a S.A.R. que mande proceder a uma rigorosa devassa sobre estes factos, a fim de premiar a inocência e castigar os delitos, na conformidade das Leis Militares e Civis de S.A.R.