CARTA do [ouvidor-geral e provedor da Fazenda Real da ilha de São Tomé, João Coelho de Sousa], ao rei [D. João V] sobre ter saído da Bahia a 16 de Setembro de 1730, ter andado perdido, ter ido parar ao Cabo de São Roque e entrado no Rio Grande, onde teve de esperar embarcação; informando que mandara buscar um piloto a Pernambuco e perdera tudo na viagem, ficando sem poder fazer descontos nos ordenados e pedindo o perdão deles; referindo que a fortaleza estava reparada e o governador Lopo de Sousa Coutinho servia com zelo na arrecadação da Fazenda Real; dando conta que já cobrara dívidas ao coronel José Soares de Noronha, que a viúva do coronel Paulo Carneiro de Azevedo ficara como devedora e os bens confiscados, que os cónegos iam pagando as dívidas e que o escrivão dos Contos, Miguel Fernandes, devia algumas fianças mas era um oficial cumpridor; alertando que o governador proibira as fianças aos navios do Brasil se não se pagasse ali metade dos direitos dos escravos trazidos da Costa da Mina, prejudicando os homens de negócio, e que o feitor, como provedor da Fazenda Real, aprovava as fianças e ficava responsável por elas; referindo a proibição dos clérigos em fiarem direitos, a obrigação das pessoas pagarem os direitos na compra de fazendas aos estrangeiros e as dúvidas quanto ao pedido dos eclesiásticos para não pagarem direitos do que compravam para seu uso e família; referindo as razões porque não pagara côngrua ao comissário-geral dos agostinhos descalços e porque considerava muito escasso os emolumentos para ir em correição à ilha do Príncipe.