OFÍCIO do governador das ilhas de Cabo Verde, Joaquim Salema de Saldanha Lobo, ao [secretario de estado da Marinha e Ultramar] Martinho de Melo e Castro informando ter recebido os degredados que foram remetidos por ordem real para a ilha de [Santiago] e de ter preenchido com eles a Companhia paga estabelecida naquela ilha, completando o número de 40 soldados para a guarnição da vila da Praia e distribuindo os que tinham ofícios e propriedade nos respectivos trabalhos; comunicando acerca do reparo feito na Fortaleza Real de [São Filipe] à conta da Companhia de [Grão Pará e Maranhão] e sobre a situação de miséria e ruína em que se encontra a cidade da [Ribeira Grande] sobretudo pela acção dos poderosos que foram remetidos para a Corte acompanhados dos autos feitos pelo ouvidor geral, Dionísio Gonçalves Branco; participando que o ouvidor fez preso o sargento-mor, José Anastácio Freire, e sobre a necessidade de se mandar um sucessor para este ouvidor geral, com o lugar de um novo juiz de Fora, para o bem da administração da justiça; pedindo para se erradicar, para o bem do sossego público e da administração, os sujeitos parentes, sócios e parciais que foram nomeados pelos [coronéis Manuel Gonçalves de Carvalho e João Freire de Andrade], que tinham sido presos, a saber, o cónego Gregório Freire de Andrade, o padre frei Manuel de Vinhais [Sarmento], quem remeteu para a sua comunidade religiosa da Guiné, e o primeiro administrador da Companhia de [Grão Pará e Maranhão], Maurício José da Silva Cardoso, a quem mandou prender e dar baixa do posto de capitão-mor da Fortaleza Real de [São Filipe]; sobre a ordem que deu ao capitão da galera [São Pedro], Manuel Isidoro Marques, para suspender o desembarque [em Lisboa], até receber mandado da Secretaria, por suspeitas que tinha do cirurgião italiano da Companhia de [Grão Pará e Maranhão], Luís Colon, e mais gente, transportarem consigo, sem manifesto, o ouro adquirido pelo primeiro administrador Maurício José da Silva Cardoso aos holandeses naufragados na ilha da Boavista e que aportaram à [vila da Praia], como também da suspensão da galera São João Baptista, do capitão, José Manuel Travassos, que fora para a Guiné; informando acerca dos mapas da fortificação e pedindo atenção sobre os que remetia, por ser seu autor um bom engenheiro, o ex- capitão [de Infantaria] da fortificação de Bissau, António Carlos Andreis, para quem pedia restituição do posto por ter sido degredado para ilha de [Santiago] e baixado em praça de soldado por desentendimentos com o engenheiro Manuel Germano da Mata, e do pedido para promover o sargento-mor, José dos Reis Borges, ao posto de capitão-mor; sobre a informação que pede ao capitão-mor de Cacheu acerca do estado da referida povoação; comunicando que a vila da Praia não tem quartel, calaboiço, armas e armazém de pólvora, bem como do estado da igreja; acerca das terras que ficavam por cultivar por falta de escravos e por ter saído muita gente para a expedição de Bissau; sobre a morte de um alferes do Regimento Auxiliar de guarnição da vila da Praia, Domingos Sanches, na ilha do Maio, da qual foram arguidos um soldado da Companhia dos brancos e dois de guarnição da mesma ilha; informando que remete carta do Bispo D. frei Pedro Jacinto Valente, incluíndo cartas encíclicas e cópia da carta do Rei, com júbilo para publicar, bem como cópia da pastoral; sobre a chegada de uma balandra de Bissau transportando 40 homens e acerca os pedidos que faz o sargento-mor engenheiro daquela praça; e pedindo honras em uma das ordens [religiosas] pelo seu fraco ordenado.