OFÍCIO do intendente da marinha, António Pusich, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar, visconde de Anadia, João Rodrigues de Sá e Melo], sobre: partida desta ilha do iate Nossa Senhora da Conceição, de que é mestre, Joaquim Pereira Machado, no qual remete à Real Junta da Fazenda da Marinha, vários géneros constantes da relação inclusa; remete uma relação dos géneros úteis para a nova expedição; faz duas propostas à Real Junta: 1) que se mande armar este iate, porque ele exige uma tripulação numerosa, que passando a bergantim, ficava muito mais reduzida, 2) que seja enviada uma embarcação maior que o cuter Vigia, para suprir as faltas do navio anterior; esta embarcação seria para girar pelas ilhas, enquanto o iate fosse à Guiné; pede que esta segunda embarcação, venha com um só piloto, para nela meter o mestre que era do cuter, cujo zelo e conhecimentos das ilhas, foram sempre muito úteis; remete uma caixinha com várias plantas marinhas e pedras minerais da ilha de Santo Antão, que saiem dos altos montes daquela ilha, transportados pela corrente dos rios, no tempo das grandes chuvas; estas pedras e as águas férreas e sulfúricas, fazem julgar da existência de minerais mais ou menos preciosos; na ilha de Santo Antão, os seus numerosos habitantes, depois de terem comido os troncos, as raízes das árvores e todas as bestas de carga, acham-se expostos ao flagelo da fome, emigrando os que podem e os que ficam, sem socorro algum; do imenso milho que saiu das ilhas Brava e Fogo para a Madeira, sómente 12 moios foram para Santo Antão e mandados por um particular, comovido com a situação; roga por tudo, que se compadeça destas ilhas e dê as necessárias ordens, para que em caso de necessidade, sejam em primeiro lugar socorridas com o milho as ilhas desta capitania, e que sómente o sobejo se exporte.