OFÍCIO do governador de Cabo Verde, João da Mata Chapuzet, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar], Joaquim José Monteiro Torres, a acusar a recepção de um ofício, acompanhando a Carta Régia, pela qual S.M. houve por bem determinar, que a importação de tabaco, algodão, vinho, aguardente e quaisquer outros licores espirituosos, seja proibida nestas ilhas, sendo de produção estrangeira; entende que a mesma proibição é extensiva aos portos de Bissau e Cacheu, no entanto seria de grande inconveniência para o Real Serviço, proibir na Guiné, a importação do tabaco e aguardentes estrangeiras, tendo poderosos inconvenientes, porque não sendo por agora suficiente a quantidade produzida nestas ilhas, para preencher o grande consumo daquelas praças e dos sertões, seguir-se-ia a escassez, a carestia, o descontentamento e o desespero daqueles habitantes, que veriam prejudicadas as suas relações com os gentios que ali vêm negociar, ou mesmo, talvez que estes abandonassem todo o comércio com os portugueses, para o procurarem em estabelecimentos ingleses e franceses; assim, parece-lhe que entrando nos portos da Guiné, o tabaco e a aguardente estrangeiros, sómente quanto baste para suplementar os mesmos géneros de produção destas ilhas, enquanto elas não produzirem quantidade sufuciente para consumo daqueles países, evitar-se-á a falta e a carestia, e sendo esta importação, permitida sómente em embarcações portuguesas, despachadas pela alfândega desta ilha, debaixo da autorização do governador.