OFÍCIO do inspector, Carlos May, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar], Carlos Honório de Gouveia Durão, a informar o requerimento de Tomé Gonçalves dos Santos, natural de Cacheu, o qual pede para ser readmitido como aprendiz de carpinteiro de machado, no Arsenal; o suplicante é um dos pretos vindos de Cabo Verde, para aprenderem o ofício de carpinteiro de machado no Arsenal, tendo sido despedido e mandado para bordo da charrua Orestes, a fim de regressar à sua Pátria, por ter havido conflito entre si e o mestre que o ensinava, pois a sua vontade era ser padre e não carpinteiro; assim sendo, a sua readmissão seria contrária à boa ordem e regularidade do serviço, para com os outros pretos, os quais, desde que o suplicante foi despedido, têm sido subordinados aos seus mestres, atentos aos seus trabalhos e geralmente bem comportados; de resto, é um homem já feito com mais de 24 anos, pouco próprio para aprender qualquer ofício e se submeter de bom grado aos trabalhos, que num Arsenal competem aos aprendizes; é de parecer portanto, que não deve ter lugar a sua pretensão.