OFÍCIO do prefeito da ilha de Santiago, Manuel António Martins, ao rei [D. Miguel I], a participar que a charrua Príncipe Real, tendo ido a Bissau, voltou sem ter carregado as madeiras que lá se encontravam cortadas e prontas, devido a não ser apropriada para tal condução; atendendo à fome existente nas ilhas da Boavista, Brava e Fogo, e à necessidade de uma sementeira geral para a qual não havia sementes, deliberou o fretamento de um navio que fosse buscar grão a algum lugar; ordenou a transferência para bordo da charrua, da carga de urzela que o brigue Dois Amigos tinha a bordo e despachou-o com uma carga de sal puro e numerário, adiantado por conta da Fazenda, às ilhas dos Açores, a fim de trazer uma carga de milho, feijão e fava, que serão distribuídos pelos pobres, sendo o resto vendido aos abastados, para cubrir uma parte das despesas; na mesma charrua mandou embarcar, não só os ex-degredados por motivos de fidelidade no tempo da usurpação, como também uma grande porção de outros, que tendo acabado o tempo do seu degredo, vagueavam pelas ilhas pedindo esmola de porta em porta e aumentando a miséria geral