OFÍCIO do governador e capitão-general de Angola, António de Saldanha da Gama, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar], Visconde de Anadia [João Rodrigues de Sá e Melo], sobre o deplorável estado em que se encontra Angola; participa estar desenganado na utilização de meios brandos e suaves para a sua melhoria, sendo os corpos militares, os únicos que ainda conservam alguma subordinação, aproximando-se todos os outros ramos, de uma perfeita anarquia; as medidas a tomar para acudir a tão grande mal, terão que ser fortes; queixa-se do clero, que até utiliza armas em premeditados ataques; considera que a capitania exige um governador com talentos superiores aos seus, ânimo mais ativo, saúde mais robusta, e com mais poderes; pede com a brevidade possível o envio do seu sucessor, afim ser restituídos a paz e os princípios de uma verdadeira subordinação, sem a qual nenhum Estado pode sobreviver.

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