CARTA do governador da capitania de Benguela, António Guedes de Quinhones, ao rei [D. João VI], a remeter 16 documentos; informa que quando tomou posse do governo, encontrou a cidade na maior intriga, constituindo os comerciantes um partido e os negociantes outro e estando o seu antecessor na maior indignação contra este povo e vice-versa, tendo dado parte disto ao governo general, do qual se queixa, assim como da Junta da Fazenda Real de Angola, porque nem sequer lhe responderam, sendo que de Luanda só vêm castigos e repreensões; participa que o comércio está aniquilado e os edifícios públicos arruinados; justifica detalhadamente a sua atuação; informa da não existência na capitania, de homens que possam ser nomeados para os governos das 7 províncias que lhes estão sujeitas, as quais não têm há muito governantes, sendo algumas governadas pelos negros nativos do paiz, que pela sua ignorância e trato social, nada fazem para o progresso das mesmas; considera que se devem enviar oficiais para este fim; propõe para melhorar a defesa da capitania, a criação de 3 companhias de infantaria; é também necessário que se ordene ao Soba "Cabôco", que envie 300 homens de infantaria, a fim de se corrigir o gentio que já roubou os comerciantes em mais de 600 contos, atacando os feirantes que passam nas suas terras e chegando à desfaçatez de virem roubar e guerrear a 3, 4 léguas da cidade de Benguela.

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