OFÍCIO do governador e capitão-general de Angola, tenente coronel, Cristovão Avelino Dias, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar, Conde de Subserra, Manuel Inácio Martins Pamplona Corte Real], a saudá-lo pelo título de Conde de Subserra, que lhe foi atribuído e por ter sido escolhido para o ministério da Guerra; considera que as quiméricas ideias de liberdade e igualdade mal entendidas, mas fomentadas pela desorganizada legislação das passadas Côrtes, introduzidas neste povo, resultaram em ousadia e falta de respeito às autoridades legítimamente constituídas e assegura que sem providências extraordinárias será impossível conter este povo, sem educação, mas revoltoso e com depravados costumes; participa que quando desembarcou em Luanda, o governo era um clube de negociantes de escravatura que governava em seu benefício, delapidando a Fazenda Real; atendendo às diversas despesas, foi obrigado a mandar executar os devedores da Fazenda Real por meio de sequestro; os negociantes em desespero, conseguiram seduzir uma parte dos oficiais e dos soldados do batalhão expedicionário aqui chegado, com o intuito de organizar um novo governo e unirem-se ao Brasil; esta pretensão de unir Angola ao Brasil, terá que ser atalhada com prontas e enérgicas medidas desde o início; informa que o partido brasileiro tem ganho muita força depois da saída da divisão portuguesa da Baía e que os lucros excessivos do comércio da escravatura, as relações comerciais com o Brasil e a fácil comunicação entre ambos os países, fazem com que os habitantes de Angola olhem para o Brasil como a sua Pátria natural; pede para interceder junto de S. M. a fim de ordenar o seu regresso a Portugal, porque o clima arruinou-lhe a saúde, além da sua má situção económica, devido a estar no posto de tenente coronel, quando outros capitães do mesmo tempo estão como brigadeiros e marechais de campo.

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