OFÍCIO do governador e capitão-general de Angola, tenente coronel, Cristovão Avelino Dias, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar], Conde de Subserra [Manuel Inácio Martins Pamplona Corte Real], a remeter ofícios do governador de Benguela, João António Pusich, sobre os fatos acontecidos naquela cidade, os quais originaram a sua deposição do governo e posterior prisão; remete também os ofícios do governo interino instalado por ocasião da prisão do mesmo, cujos documentos formam a história oficial dos acontecimentos; informa que diversas cartas particulares provenientes de Benguela, acusam as violências e as numerosas extorsões do governador, as quais não foram provadas, tendo no entanto recebido mensalmente maior gratificação do que lhe pertencia, o que já foi apresentado a S.M. pela Junta da Fazenda Real de Angola; considera que nem os moradores da cidade nem a tropa da guarnição podem ter desculpa da sedição que praticaram, ainda que os motivos das queixas fossem justificados; explica a propensão natural dos habitantes em se sublevarem, pois a maior parte da população é composta por facínoras, degredados e escravos; a população de Angola é composta por duas classes, os senhores e os escravos, faltando a classe média dos lavradores, artistas e proprietários de terras, a qual é nas sociedades europeias o mais firme sustentáculo dos governos e das instituições; afirma que a classe dos senhores ou negociantes de escravatura, foi a causadora da sedição do batalhão expedicionário e dos habitantes de Benguela, tudo com um único fito, de unir Angola ao Brasil; informa que tenciona mandar para a cidade de São Felipe de Benguela, um governador que seja um oficial circunspecto e disciplinador e que vai mandar render aas duas companhias de infantaria e artilharia ali existentes, por um igual destacamento do Regimento de Infantaria de linha, de Luanda; quanto ao governador João António Pusich, mantêm-no preso na cidade, até que lhe seja remetida a devassa a que mandou proceder sobre a sedição ocorrida.

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