OFÍCIO do Cabido de Angola, ao secretário de estado da Marinha e Ultramar, Joaquim José Monteiro Torres, a informar do falecimento em 21 de Fevereiro, do Bispo da Diocese, D. Frei João Damasceno da Silva Póvoas, pedindo que seja nomeado um seu sucessor; o falecido bispo, tendo visto frustradas as suas representações e queixas, chegou a pedir a S.M. a renuncia do bispado, tendo acabado por sucumbir; informa que quando da sua sepultura no Hospício dos Religiosos Capuchinhos, foram cercados pela tropa a título de vigiar e de guardar o espólio do falecido, levantando-se a questão do mesmo pertencer ou não à Fazenda Real e apesar de estar presente o Corpo Capitular, outros eclesiásticos e seculares amigos do Bispo, nada impediu o atual governador de se imiscuir, fazendo ameaças relativamente às despesas do funeral, insinuando uma maneira tão económica de sepultar o cadáver, que se deixaria de observar o cerimonial; participa que por um ofício do desembargador Ouvidor-geral, e corregedor, Faustino Ferreira de Noronha Oliveira e Saro, se passou a inventariar o dinheiro e o espólio encontrado e feito o inventário, foram avaliados judicialmente todos os bens, entrando neste número vestes e paramentos da igreja; sublinha a indecência e a indignidade como tem sido tratado o Corpo Capitular, vendo o espólio do Bispo exposto na praça pública para ser vendido e arrematado, quando S.M. tem determinado pelas suas previdentes Leis, que este este tipo de espólio, tem-se declarado pertencer aos sucessores dos Bispos e o dos seculares, aos seus herdeiros.

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