OFÍCIO do Cabido de Angola, ao secretário de estado da Marinha e Ultramar, Joaquim José Monteiro Torres, a queixarem-se de ter sido menosprezada a dignidade e a honra do Cabido, tendo sido tratados os seus membros com vilipendio, pelo Ouvidor-geral e corregedor de Angola; apontam diversas arbitrariedades na espoliação do direito que tem a igreja de Angola, relativamente à herança do finado Bispo; informam que nomearam um negociante abastado e capaz, para ter em depósito em sua casa o cofre de 3 chaves, no qual se recolheu todo o dinheiro líquido e o que se foi liquidando das arrematações dos bens do finado Bispo, tendo recaído esta nomeação em José Severino de Sousa, para cuja casa foi imediatamente transportado o cofre, ficando com uma das chaves e as outras duas nas mãos do 1º cónego presidente deste Cabido e do cónego Procurador da Mitra; aguardaram o dia em que fosse resolvida a favor da igreja a questão da competência daquele espólio e herança, mas passados 3 meses não houve sentença definitiva, só lhes restando recorrer aos "Pés do Trono"; informa que foram obrigados a que daquele depósito se trocassem 3:000$000 em dinheiro de ouro, deixando-se nele o equivalente em cédulas, tendo sido notificados por um Meirinho da Ouvidoria, para estarem presentes em 22 de Abril para a abertura do cofre e extração da moeda; participaram ao Ministro da Fazenda este episódio; reiteram as súplicas para que o El Rei dê o remédio a tantos males que têm sofrido e que de ainda são ameaçados.

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