OFÍCIO do governador e capitão-general de Angola, Nicolau de Abreu Castelo Branco, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar], António Manuel de Noronha, sobre um requerimento do ex-físico-mor de Angola, doutor José de Melo; informa que não pode haver pretensão fundada em maior justiça e razão, atendendo aos longos e arriscadíssimos serviços prestados e o seu desinteresse e limpeza de mãos, por ter servido num país onde os exemplos de delapidação formam a regra geral; acresce ainda um novo motivo de gratidão do governo para com o suplicante, pelo sacrifício que acaba de prestar, deixando o seu estabelecimento agrícola a 80 léguas de distância, para responder ao convite do governo, quando do falecimento do físico-mor de Angola, tendo ficado a população e o Hospital em total desemparo, sem médico, no meio da estação em que as moléstias são mais devastadoras; a sua pretensão limita-se ao interesse de 400 mil réis anuais, que sem dúvida tem todo o direito, atendendo ao seu estado de saúde e de velhice; assim sendo, pede uma deliberação interina de S.M. para que receba a metade do ordenado pela forma requerida, enquanto não tiver lugar outra qualquer decisão a este respeito.

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