OFÍCIO do governador e capitão-general de Angola, Nicolau de Abreu Castelo Branco, ao [secretário de estado da Marinha e Ultramar], António Manuel de Noronha, sobre o cumprimento da carta régia nº 97, em que a infanta regente [D. Isabel Maria], solicita a promoção da prosperidade de Angola, afiançando a mercê de uma comenda honorária da Ordem de Cristo, ao capitalista que se queira prestar à empresa de levantar um engenho de açúcar, com as suas respetivas oficinas; informa que fez esta proposta a alguns indivíduos sendo um deles o capitão de ordenanças, João António de Morais Faião, que se presta a fazer as experiências nesse sentido, principiando desde já com uma considerável plantação de cana; um dos meios que se podem oferecer a este país, para a substituição do comércio da escravatura, é sem dúvida o do fabrico do açúcar, mas que lhe parece incerto e duvidoso; expõe algumas razões em que se baseia, desde as climáticas, às características da própria cana, que contem muita substância aquosa e pouca espirituosa e sacarina, podendo-se extrair aguardente, para o que em breve chegará uma engenhoca, que o capitão mandou vir do Brasil; enumera algumas produções alternativas, tais como a cultura do algodão, do anil que vegeta em quase toda a parte e chega a ser espontâneo, a cultura do café e do tabaco; participa que o negociante, Joaquim da Silva Regadas está a reparar um estabelecimento onde noutro tempo se manipulou o anil; os habitantes vivem uma lisongeira esperança que se há-de prolongar o comércio da escravatura e pouca gente precave o futuro; informa que pela embarcação do Estado, conta poder remeter amostras de todos os géneros e produções tratados neste ofício.

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