CARTA do ouvidor geral e provedor da Fazenda Real das ilhas de Cabo Verde, Carlos José de Souto e Matos, ao rei [D. José] dando conta do estado em que se acha o governo eclesiástico das ilhas com a transferência da sede do Bispado da capital [cidade da Ribeira Grande], para a ilha de Santo Antão aonde reside o Bispo [D. frei Pedro Jacinto Valente]; informando sobre a conduta e maus procedimentos deste Bispo em nada compatíveis com o seu magistério, censurando, excomungando, sob qualquer pretexto, administradores e feitores da Companhia de Grão Pará e Maranhão, os ministros seculares, proibindo, sob pena de excomunhão, a pesca em certos sítios daquela ilha, castigando os concubinatos com penas pecuniárias exorbitantes, mandando judicialmente tomar conta dos fetos das mulheres grávidas, expondo os cúmplices nús em praça publica, anulando matrimónios consumados e procedendo a denunciações canónicas; e pedindo, para evitar as inconveniências e falta de presbíteros para paroquiarem as igrejas, pela dificuldade que havia na sua ordenação com a ausência daquele Prelado, que a residência do Bispo fosse novamente restabelecido na capital, com a incumbência dele visitar, anualmente, todas as ilhas.